Arrogância e pragmatismo têm limites

Todos sabemos que está em curso um golpe da extrema direita para derrubar o PT. Isso é óbvio.

Porém, não podemos deixar de dizer que o PT cometeu uma série de erros e construiu um cenário propício para ser apeado do poder.

Quando vejo José Dirceu na TV, lembro do documentário “Entreatos”, de João Moreira Salles, sobre os 10 dias que antecederam a vitória de Lula, em 2002.

A equipe de Salles acompanhou quase todos os momentos finais da campanha, filmando os lances mais importantes.

Certo dia, Lula entra em uma sala, acompanhado da cúpula da campanha, com José Dirceu no comando.

Quando os cinegrafistas entraram, Dirceu, arrogante como sempre, perguntou: “De quem é esse pessoal”!!?? (veja a partir dos 31:55 do documentário)

Informaram que era a equipe documentário, mas Zé Dirceu fez cara feia e uma série de insinuações sobre a filmagem de reuniões privadas do comando de campanha.

Chegou inclusive a ironizar Gilberto Carvalho sobre segredos de campanhas anteriores.

Naquele tempo, Dirceu já se achava o dono do mundo.

Isso se confirmou na vitória de Lula e durante o mandato.

No poder, acharam que podiam tudo.

Fizeram todas as alianças e viraram amigos de José Sarney, Collor de Melo, Paulo Maulf e Renan Calheiros.

Lula tinha certeza que era um deus.

E José Dirceu tinha a absoluta convicção de que era o criador do deus Lula.

Hoje, ambos estão sufocados na própria arrogância, empanturrados de pragmatismo.

Dirceu foi preso duas vezes. É uma espécie de leproso político.

Lula vai tentar a última cartada em 2018.

Hoje, os dois homens mais poderosos da América Latina estão reduzidos a nada.

Um está preso; o outro, é tido como ladrão.

Que esses exemplos de arrogância e pragmatismo sirvam de reflexão para todos.

Fonte: Blog do Ed Wilson